Desastre em Terras Gaúchas: Consequências e Desafios no Rio Grande do Sul

Tragédia no Rio Grande do Sul

Desde o dia 27 de abril, áreas no Vale do Rio Pardo, na região central do Estado, já sofriam com fortes chuvas e granizo. Em pouco mais de uma semana, mais de 400 municípios gaúchos tiveram bairros inteiros engolidos por uma chuva que não parava de cair. A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul já deixou, no final de maio, pelo menos 636 mil pessoas ainda fora de casa, 169 mortos, 44 desaparecidos, 469 municípios impactados (de um total de 497) e mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas no RS. Mas como a situação escalou para as cenas trágicas vistas nos últimos dias? Como evoluiu a estes números?

ÍNDICE

  1. As águas chegam ao topo do caos
  2. Chuvas e frentes frias mantêm o caos
  3. Recuo das águas e choque da realidade
  4. Conclusão

 

1. AS ÁGUAS SOBEM AO TOPO DO CAOS

29 de abril: O vilão do alerta vermelho

Hoje, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu o primeiro alerta vermelho de volume elevado de chuva. As chuvas foram resultado de uma combinação de fatores, entre eles uma massa de ar quente sobre a área central do país, que bloqueou a frente fria que estava na região Sul e fez com que a instabilidade ficasse sobre o Estado, causando chuvas intensas e contínuas. Aliado a isso, o período entre o final de abril e o início de maio de 2024 ainda teve influência do fenômeno El Niño, responsável por aquecer as águas do Oceano Pacífico, contribuindo também para que áreas de instabilidade ficassem sobre o RS. Tudo potencializado pelo aquecimento global.

 

30 de abril: Primeiras mortes e primeiras pontes

No dia seguinte, foram registradas as primeiras cinco mortes da tragédia gaúcha. Foram duas na cidade de Paverama, uma em Pântano Grande, uma em Encantado e uma em Santa Maria. 18 pessoas estavam desaparecidas naquele momento e 77 municípios eram considerados impactados pela água.Em Santa Maria, a força da água foi tamanha que destruiu uma ponte. Uma segunda ponte desabou em Santa Tereza, cidade a cerca de 70 km de Caxias do Sul

1° de maio: Calamidade pública no RS

No dia 1° de maio, quarta-feira, o cenário piorou dramaticamente. Já eram 114 municípios e mais de 19 mil pessoas afetadas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. Nesse dia também foram contabilizadas mais cinco mortes, totalizando 10 óbitos. Metade das vítimas fatais até então era de pessoas idosas. Entre as causas das mortes estavam descarga elétrica, afogamento e deslizamentos de terra, segundo a Defesa Civil.

2 de maio: Mais mortes, barragem ameaçada e recorde mundial

A partir da daí (2/5), o número de vítimas fatais disparou, com 19 novas mortes registradas em 24 horas. “Não estamos conseguindo acessar determinadas localidades e sabemos de deslizamentos, de inundações e de pessoas que estão em locais inacessíveis. Infelizmente, esses números vão ainda aumentar”, afirmou o governador Eduardo Leite (PSDB) em entrevista. Mais de 4.500 pessoas já estavam em abrigos em todo o Estado. A Defesa Civil advertiu que a barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, estava em processo de colapso. Famílias nas áreas de risco começaram a ser evacuadas. Na região metropolitana de Porto Alegre, a Defesa Civil alertou que o Lago Guaíba estava prestes a transbordar de modo “significativo”. Entre 1° e 2 de maio, a quantidade de chuva era tamanha que sete cidades do Rio Grande do Sul foram ranqueadas entre as que tiveram o maior índice pluviométrico do mundo, medido pelo instituto meteorológico Ogimet.

3 de maio: Mais da metade do estado afetada

No dia seguinte, já eram 265 municípios afetados, mais da metade do estado. O Lago Guaíba ultrapassou a marca histórica de 1941 e alcançou o nível inédito de 4,77 metros. Isso causou inundações em diversos bairros da capital gaúcha, incluindo o centro histórico. A rodoviária e os centros de treinamento do Internacional e Grêmio ficaram debaixo d’água. A Defesa Civil alertou para rompimento parcial da barragem 14 de Julho e advertiu que moradores de sete municípios da região deveriam sair das áreas de risco e procurar abrigos. O órgão também colocou o rio Taquari em situação de inundação severa. O Vale do Taquari é formado por cidades como Estrela, Lajeado, Roca Sales, Muçum, Arrio do Meio e Cruzeiro do Sul – municípios que já haviam enfrentado enchentes no ano passado. Com tudo isso, as mortes chegaram a 39. Além disso, 68 pessoas estavam desaparecidas.

4 de maio: Mortes já superam as de 2023

No sábado (4/5), o número de mortos ultrapassou o da tragédia ambiental de setembro de 2023 no Estado, quando 54 pessoas morreram em enchentes. Naquele momento, a estatística chegava a 55, com 74 desaparecidos. Além dos danos a casas e prédios, a infraestrutura pública também havia sido atingida. Em 4 de maio eram mais de 400 mil pontos sem energia elétrica e pelo menos 186 municípios sem sinal de internet e telefone. Mais de 1 milhão de casas estavam sem abastecimento de água.

5 de maio: ‘Cenário de guerra’ e Plano Marshall

O governo federal decreta estado de calamidade pública. Em entrevista coletiva com o presidente, o governador Eduardo Leite afirmou que o Estado vai precisar de um plano de recuperação semelhante ao Plano Marshall, que reergueu a Europa no pós-2ª Guerra Mundial. “É um cenário de guerra no Estado. E como cenário de guerra, vai ter que ter também um pós-guerra“, disse Leite. O governo estadual já havia restabelecido o canal de doações por Pix chamado de SOS Rio Grande do Sul, usado no ano anterior. As autoridades também criaram contas para doações internacionais. Em paralelo, centenas de ONGs e grupos espontâneos criados por brasileiros em diversos estados do país e no exterior faziam arrecadações em dinheiro, mantimentos e outros itens de primeira necessidade para serem enviados. As autoridades locais registravam 78 óbitos e 175 feridos. Já eram 341 municípios afetados, ou mais de 840 mil pessoas.

6 de maio: Lago do Guaíba alcança 5,33 metros

A inundação do Guaíba, lago que cerca a capital, continuou a subir: na manhã de 6 de maio, e atingiu a marca de 5,33 metros, sem dar sinais de recuo, superando, em muito, 1941. O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foi fechado por tempo indeterminado. O espaço já estava interditado desde sexta-feira (3/5), quando o nível do Lago Guaíba ultrapassou 5 metros. Os aeroportos das cidades de Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Santo Ângelo continuavam operando. Naquele momento, já eram 85 óbitos confirmados, e 385 dos 497 municípios do estado já tinham sido atingidos de alguma forma.

7 de maio: 160 mil desabrigados

Em 7 de maio, o número de desabrigados chegou a quase 160 mil. A intensidade da chuva começou a diminuir, mas o nível dos principais rios continuava elevado e muitas cidades permaneciam com bairros inteiros sob a água. Por isso, o número de pessoas obrigadas a deixar suas casas não parava de crescer. “Tem sido muito triste ver as pessoas desoladas, sem saber exatamente para onde ir, andando sem direção. E sem contato, porque não tem luz, não tem comunicação, não tem sinal de telefone”, relatou Daniel Odrisch, voluntário de um abrigo à agência Associated Press (AP).

2. CHUVAS E FRENTES FRIAS MANTÊM O CAOS

8 de maio: Nova frente fria impede recuo

No dia 8, o nível do Lago Guaíba, na capital gaúcha, já estava em processo de descida, baixando 20 centímetros em 24 horas. Mas uma nova frente fria chegou ao Estado, derrubou as temperaturas e causou mais chuvas e ventos fortes, além de riscos de raios e trovoadas.

E muitos moradores seguiam em situação dramática. Mais de 500 mil pessoas estavam sem água, incluindo 85% da população de Porto Alegre. A reportagem da BBC Brasil encontrou uma igreja evangélica funcionando como um abrigo para 66 pessoas e ao menos dez cães na cidade. O local, por onde já passaram cerca de 110 desalojados, segundo o pastor que coordena o projeto, oferece quatro refeições e banho quente, além de assistência médica e psicológica. Chorando, Roselaine da Silva contou que está alojada na igreja com os três filhos, um deles autista, e dois cães. As lágrimas corriam do rosto quando lembrava dos dois gatos que deixou para trás no bairro do Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. Os felinos estão no telhado da casa da família, a única parte que não foi engolida pela água. “Eu não sabia que a água tomaria essa proporção toda. Eles [gatos] estão no telhado, mas são muito ariscos. Meu filho tentou pegá-los hoje, mas não conseguiu. Já chorei muito, me culpo muito por isso. Eu os deixei num local seguro, com água e comida, e mesmo assim aconteceu isso”, disse, emocionada.

 

9 de maio: Fuga de Porto Alegre

Na quinta-feira (9/5), as notícias eram de mais de 1,7 milhão de pessoas afetadas, com centenas de relatos de famílias desesperadas e sem saber o que fazer diante da tragédia. Com o desabastecimento, supermercados ficaram lotados de pessoas em busca de água mineral e alimentos básicos. Ao mesmo tempo, voluntários têm feito a diferença, ajudando a resgatar e abrigar vítimas, e arrecadar e distribuir mantimentos. Mas o caos também faz muita gente se ver forçada a sair de Porto Alegre. O repórter gaúcho Luiz Antonio Araújo, colaborador da BBC, é uma dessas pessoas.“No dia 4 pela manhã, a caixa d’água do condomínio deixou de receber água da rede pública. Nós decidimos ficar em casa enquanto houvesse luz e água da caixa. Mas no dia 7 pela manhã houve uma interrupção total do fornecimento de água e instabilidade da luz. Nós decidimos então vir para o litoral, onde estamos, em Torres, a 150 quilômetros de Porto Alegre, para poder continuar trabalhando.”

 

10 de maio: Quase 2 milhões de pessoas afetadas

Na sexta-feira (10/5), o Rio Grande do Sul contabilizava 126 mortos, 141 desaparecidos e 756 feridos. Cerca de 1,9 milhão de pessoas foram afetadas em 441 municípios, com 340 mil tendo que deixar suas casas e 71 mil alojadas em abrigos.

11 de maio: volta a chover

O Rio Grande do Sul voltou a registrar chuvas em vários pontos. Na tarde de sábado (11), o lago havia atingido 4,57, o menor nível desde o início da enchente. À noite, o nível começou a subir. Segundo medição do Cemaden, choveu entre 25 e 30 mm em Porto Alegre durante a madrugada de sábado para domingo. As autoridades locais contabilizavam 136 mortos, 125 desaparecidos e 806 feridos. O Estado ultrapassou a marca de 2 milhões de pessoas afetadas em 446 municípios. Os números oficiais também mostravam que 537 mil tiveram que deixar suas casas e 81 mil estavam alojadas em abrigos.

12 de maio: frio e previsão para os próximos dias

As fortes chuvas continuaram no domingo (12) e deixaram o Rio Grande do Sul em alerta para novas enchentes. RS recebe as antenas de internet doadas pela Starlink; Força Nacional reforça segurança de abrigos no RS; Milei atende Eduardo Leite e autoriza envio de militares do exército da Argentina para auxiliar vítimas das enchentes no RS.

13 de maio: A doação de Portugal
200 mil toneladas de doações arrecadadas em Portugal permanecem paradas: “Não há plano de envio”; porque há autoridade que acham que buscar doações em Portugal é contraproducente,


14 de maio: Violência com os deslocados
Estupros em abrigos, assaltos em casas abandonadas e golpes que todo dia descobrimos quanto à doações, mostram que tragédia no RS não é só climática

15 de maio: Interrupção do Brasileirão
Com resistência, a CBF suspende duas rodadas da Série A, do Brasileirão, a pedido de 15 clubes. Séries B, C e D e a Copa do Brasil seguem normalmente

16 de maio: Cidades provisórias e solidariedade
Frente fria e chuvas retornam no Rio Grande do Sul, que construirá quatro cidades provisórias para desabrigados das chuvas; Prefeituras de SC adotam cidades do RS para reconstrução; Radar de SC é levado ao RS;

17 de maio: A volta da luz
Moradores do Centro Histórico de Porto Alegre comemoraram, na sexta-feira (17), o retorno da energia elétrica em trechos do bairro após duas semanas. Surge SOS Saúde Rio Grande do Sul

3. RECUO DAS CHUVAS E O CHOQUE DE REALIDADE

18 de maio: Recuo do Guaíba
RS tem chuvas isoladas e mais fracas. Nível do Guaíba, que fora a 5,35 metros, desce a 4,54 metros em Porto Alegre; Já são 155 mortos 94 desaparecidos no RS e mais de 617 mil pessoas estão fora de casa. Anac libera vôos comerciais na Base Aérea de Canoas; Sete carretas do exército transportam bombas da Sabesp para drenar água no RS

19 de maio: Punição da extorsão
Por exploração criminosa, 65 estabelecimentos são autuados pelo Ministério Público no RS; Após o comandante da Aeronáutica recuar no dia anterior e dizer que ia atender pedido, avião com doações de Portugal chega ao RS

20 de maio: Águas baixam, lixo aparece
Mau cheiro, entulho, lixo e lama tomam ruas e profissionais retomam limpeza de Porto Alegre com baixa gradativa do Rio Guaíba e chegada de bombas amplia a drenagem na capital do RS; Barragem se rompe e mais uma cidade, Capela Santa, é invadida pelas águas no RS

21 de maio: O drama dos pobres
Regiões mais pobres foram mais atingidas pelas cheias em Porto Alegre e região; já são 2,3 milhões de pessoas afetadas e 161 mortos, 85 desaparecidos, 465 municípios afetados e 581 mil desalojados no estado. A emissora RDC TV é obrigada a fechar as portas e demitir todos os funcionários;

22 de maio: Outras áreas do RS em  alerta vermelho
Chuva forte deixa região sul do RS em alerta para risco de novas inundações; Pelotas tem queda de granizo e tem 500 hotéis fechados; nível da Lagoa dos Patos é de 2,48 metros na cidade. O RS é um sinal de alerta vermelho; 94% dos municípios do RS foram atingidos pelas enchentes

23 de maio: As casas montáveis da ONU
População em abrigos no RS formaria cidade tipo Venâncio Aires, uma das mais atingidas pelas cheias. ONU envia ao RS casas montáveis usadas por refugiados no Brasil. Mais alagamentos, com novas chuvas no RS e povo entra em desespero; Após 3 semanas shopping em Porto Alegre reabre e fecha novamente devido à enchente

24 de maio: Repique das chuvas
Após chuvas, Guaíba volta a superar 4 metros; prefeitura tenta conter repique com sacos de areia e população vive dia de incerteza: “Nem terminei e já tem que limpar tudo de novo”, diz moradora; Canoas e Porto Alegre vivem o caos; Temporais e cheias causam 163 mortes no RS

25 de maio; Ameaça da Leptospiros
RS tem 800 casos suspeitos de leptospirose após cheias, 54 casos confirmados e 4 mortes; Três estações de trens tiveram perda total em Porto Alegre após cheias

26 de maio: Um ano de obras para recuperar
Número de mortos chega a 166; Prognóstico climático para junho do Inmet diz que as chuvas devem ficar abaixo da média no RS, estado que, desde o fim de abril é atingido por fortes precipitações. Três funcionários da defesa civil são presos acusados de desviar doações que iriam para o RS; MP identifica desvios de donativos em 3ª cidade no RS. No RS , 200 mil carros tiveram perda total. Seguradoras estimam R$ 1,6 bi indenizações de imóveis, carros, etc.

27 de maio: Base Aérea de Canoas
Alerta de perigo para chuvas e ciclone extratropical emitido pelo Inmet; O governo do RS anunciou que a Usina Hidrelétrica Bugres Barragem Salto, localizada em São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha, está sob risco de ruptura devido às intensas chuvas. Base aérea de Canoas começa a funcionar como aeroporto

28 de maio: Menor nível do mês do Guaíba
O nível do lago Guaíba atingiu 3,72 metros hoje, marcando a menor cota deste mês. Nas últimas 24 horas, o lago registrou uma queda de 20 centímetros. Em contraste à cota recorde do dia 06 deste mês, quando as marcações no Cais Mauá atingiram 5,33 metros. 

29 de maio: Após 1 mês, enfim, boas nótícias
A agência Metsul confirma que nos próximos dias que as chuvas, enfim, devem cessar e até mesmo o frio, que chegou com intensidade nestes dias, poderá ser precedido por dias mais amenos. Ao ponto de Gramado, na Serra Gaúcha, querer voltar a ser um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil.

4. CONCLUSÃO:

Os dias a seguir serão importantíssimos para determinar o nível dos estragos e o futuro dos moradores. Segundo o especialista Francisco de Assis, meteorolosgista do Inmet, “Nesse momento, pode ser que vejamos a água baixar. Pode ser bom para os trabalhos de recuperação”, afirma. A ecologista Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, explica que o Rio Grande do Sul sempre foi o ponto de encontro de sistemas tropicais e sistemas polares, o que cria um padrão que inclui períodos de chuvas intensas e outros de seca. “Essa é uma região onde vamos viver muito mais extremos, segundo os modelos climáticos”, disse a especialista. “O secretário-geral da ONU sempre diz algo importante: a mudança climática é uma amplificadora de crises. Tudo aquilo que já podia acontecer vai se tornar mais drástico.”, completa


Versão em inglês

Tragedy in rio grande do sul 

Since April 27th, areas in Vale do Rio Pardo, in the central region of the State, have already suffered from heavy rain and hail. In just over a week, more than 400 municipalities in Rio Grande do Sul had entire neighborhoods swallowed by rain that never stopped falling. At the end of May, the greatest climate tragedy in the history of Rio Grande do Sul has left at least 636,000 people still out of their homes, 169 dead, 44 missing, 469 municipalities impacted (out of a total of 497) and more than 2, 3 million people affected in RS. But how did the situation escalate to the tragic scenes seen in recent days? How did these numbers evolve?

INDEX

  1. Waters rise to the top of chaos
  2. Rains and cold fronts maintain chaos
  3. Retreat of waters and the shock of reality
  4. Conclusion

1. WATERS RISE TO THE TOP OF THE CHAOS

April 29: The red alert villain
Today, the National Institute of Meteorology (Inmet) issued the first red alert for a high volume of rain. The rains were the result of a combination of factors, including a mass of hot air over the central area of ​​the country, which blocked the cold front in the southern region and caused instability to remain over the state, causing intense and continuous rain. In addition to this, the period between the end of April and the beginning of May 2024 was also influenced by the El Niño phenomenon, responsible for warming the waters of the Pacific Ocean, also contributing to areas of instability over RS. All enhanced by global warming.

April 30: First deaths and first bridges
The following day, the first five deaths from the Rio Grande do Sul tragedy were recorded. There were two in the city of Paverama, one in Pântano Grande, one in Encantado and one in Santa Maria. 18 people were missing at that time and 77 municipalities were considered impacted by the water. In Santa Maria, the force of the water was such that it destroyed a bridge. A second bridge collapsed in Santa Tereza, a city about 70 km from Caxias do Sul

May 1: Public calamity in RS
On May 1st, Wednesday, the situation worsened dramatically. There were already 114 municipalities and more than 19 thousand people affected. Rio Grande do Sul declared a state of public calamity. That day, five more deaths were also recorded, totaling 10 deaths. Half of the fatal victims until then were elderly people. Among the causes of deaths were electrical discharge, drowning and landslides, according to Civil Defense.

May 2: More deaths, dam threatened and world record
From then on (2/5), the number of fatalities skyrocketed, with 19 new deaths recorded in 24 hours. “We are unable to access certain locations and we know about landslides, floods and people who are in inaccessible places. Unfortunately, these numbers will still increase”, said governor Eduardo Leite (PSDB) in an interview. More than 4,500 people were already in shelters across the state. Civil Defense warned that the dam at the 14 de Julho Hydroelectric Plant (UHE), located between Cotiporã and Bento Gonçalves, in Serra do Rio Grande do Sul, was in the process of collapsing. Families in risk areas began to be evacuated. In the metropolitan region of Porto Alegre, Civil Defense warned that Lake Guaíba was about to overflow in a “significant” way. Between May 1st and 2nd, the amount of rain was such that seven cities in Rio Grande do Sul were ranked among those with the highest rainfall in the world, measured by the meteorological institute Ogimet.

May 3: More than half of the state affected
The following day, 265 municipalities were already affected, more than half of the state. Lake Guaíba surpassed the historic mark of 1941 and reached the unprecedented level of 4.77 meters. This caused flooding in several neighborhoods in the capital of Rio Grande do Sul, including the historic center. The bus station and the Internacional and Grêmio training centers were underwater. Civil Defense warned of a partial collapse of the 14 de Julho dam and warned that residents of seven municipalities in the region should leave risk areas and seek shelter. The agency also placed the Taquari River in a situation of severe flooding. The Taquari Valley is made up of cities such as Estrela, Lajeado, Roca Sales, Muçum, Arrio do Meio and Cruzeiro do Sul – municipalities that had already faced floods last year. With all this, deaths reached 39. In addition, 68 people were missing.

May 4: Deaths already exceed those of 2023
On Saturday (4/5), the death toll surpassed that of the September 2023 environmental tragedy in the State, when 54 people died in floods. At that time, the statistics reached 55, with 74 missing. In addition to the damage to houses and buildings, public infrastructure had also been affected. On May 4, there were more than 400,000 points without electricity and at least 186 municipalities without internet or telephone signals. More than 1 million homes were without water supply.

May 5: ‘War Scenario’ and Marshall Plan
The federal government declares a state of public calamity. In a press conference with the president, governor Eduardo Leite stated that the State will need a recovery plan similar to the Marshall Plan, which rebuilt Europe after the Second World War. “It’s a war scenario in the State. And as a war scenario, there will also have to be a post-war scenario,” said Leite. The state government had already reestablished the Pix donation channel called SOS Rio Grande do Sul, used the previous year. Authorities also created accounts for international donations. In parallel, hundreds of NGOs and spontaneous groups created by Brazilians in several states across the country and abroad collected money, supplies and other essential items to be sent. Local authorities recorded 78 deaths and 175 injuries. There were already 341 municipalities affected, or more than 840 thousand people.

May 6: Guaíba Lake reaches 5.33 meters
The flood of Guaíba, the lake that surrounds the capital, continued to rise: on the morning of May 6, it reached the mark of 5.33 meters, without showing signs of retreat, far surpassing 1941. Salgado Filho airport, in Porto Alegre, it was closed indefinitely. The space had already been closed since Friday (3/5), when the level of Lake Guaíba exceeded 5 meters. The airports in the cities of Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas and Santo Ângelo continued to operate. At that time, there were already 85 confirmed deaths, and 385 of the 4

May 7: 160 thousand homeless
On May 7, the number of homeless people reached almost 160 thousand. The intensity of the rain began to decrease, but the level of the main rivers remained high and many cities remained with entire neighborhoods under water. Therefore, the number of people forced to leave their homes continued to grow. “It has been very sad to see people desolate, not knowing exactly where to go, walking without direction. And without contact, because there is no light, no communication, no phone signal”, reported Daniel Odrisch, a volunteer at a shelter in Associated Press agency (AP).

2. RAINS AND COLD FRONTS MAINTAIN CHAOS

May 8: New cold front prevents retreat
On the 8th, the level of Lake Guaíba, in the capital of Rio Grande do Sul, was already in the process of falling, dropping 20 centimeters in 24 hours. But a new cold front arrived in the State, dropping temperatures and causing more rain and strong winds, as well as risks of lightning and thunderstorms. And many residents remained in a dramatic situation. More than 500,000 people were without water, including 85% of the population of Porto Alegre. The BBC Brasil report found an evangelical church functioning as a shelter for 66 people and at least ten dogs in the city. The place, where around 110 homeless people have already passed through, according to the pastor who coordinates the project, offers four meals and a hot shower, as well as medical and psychological assistance. Crying, Roselaine da Silva said that she is staying at the church with her three children, one of whom is autistic, and two dogs. Tears ran down her face as she remembered the two cats she left behind in the Sarandi neighborhood, in the north of Porto Alegre. The cats are on the roof of the family’s house, the only part that was not swallowed by water. “I didn’t know that the water would take such proportions. They [cats] are on the roof, but they are very skittish. My son tried to catch them today, but he couldn’t. I’ve cried a lot, I blame myself a lot for this. I left them in a safe place, with water and food, and yet this happened”, she said, emotionally.

May 9: Escape from Porto Alegre
On Thursday (9/5), the news was of more than 1.7 million people affected, with hundreds of reports of desperate families not knowing what to do in the face of the tragedy. With the shortage, supermarkets were full of people looking for mineral water and basic foods. At the same time, volunteers have made a difference, helping to rescue and shelter victims, and collecting and distributing supplies. But the chaos also makes many people forced to leave Porto Alegre. Rio Grande do Sul reporter Luiz Antonio Araújo, a BBC contributor, is one of these people.”On the 4th in the morning, the condominium’s water tank stopped receiving water from the public network. We decided to stay at home as long as there was electricity and water from the tank. But on the 7th in the morning there was a complete interruption of the water supply and electricity instability. We then decided to come to the coast, where we are, in Torres, 150 kilometers from Porto Alegre, to be able to continue working.”

May 10: Almost 2 million people affected
On Friday (10/5), Rio Grande do Sul recorded 126 deaths, 141 missing and 756 injured. Around 1.9 million people were affected in 441 municipalities, with 340,000 having to leave their homes and 71,000 staying in shelters.

May 11: it rains again
Rio Grande do Sul once again recorded rain in several areas. On Saturday afternoon (11), the lake had reached 4.57, the lowest level since the flood began. In the evening, the level began to rise. According to Cemaden measurements, it rained between 25 and 30 mm in Porto Alegre during the early hours of Saturday to Sunday. Local authorities reported 136 dead, 125 missing and 806 injured. The State surpassed the mark of 2 million people affected in 446 municipalities. Official figures also showed that 537,000 had to leave their homes and 81,000 were staying in shelters.

May 12: cold and forecast for the next few days
The heavy rains continued on Sunday (12) and left Rio Grande do Sul on alert for new floods. RS receives internet antennas donated by Starlink; National Force reinforces shelter security in RS; Milei assists Eduardo Leite and authorizes the sending of soldiers from the Argentine army to help victims of the floods in RS.

May 13: Portugal’s donation
200 thousand tons of donations collected in Portugal remain stopped: “There is no shipping plan”; because there are authorities who think that seeking donations in Portugal is counterproductive,

May 14: Violence against displaced people
Rapes in shelters, robberies in abandoned houses and scams that we discover every day regarding donations, show that the tragedy in RS is not just climate-related

May 15: Interruption of the Brasileirão
With resistance, the CBF suspends two rounds of Série A, the Brasileirão, at the request of 15 clubs. Series B, C and D and the Copa do Brasil continue normally

May 16: Provisional cities and solidarity
Cold front and rains return in Rio Grande do Sul, which will build four temporary cities for those displaced by the rains; SC city halls adopt RS cities for reconstruction; SC radar is taken to RS;

May 17: The return of light
Residents of the Historic Center of Porto Alegre celebrated, on Friday (17), the return of electricity in parts of the neighborhood after two weeks. SOS Saúde Rio Grande do Sul appears

3. RETREAT OF WATERS AND THE SHOCK OF REALITY

May 18: Retreat from Guaíba
RS has isolated and weaker rains. Guaíba level, which was 5.35 meters, drops to 4.54 meters in Porto Alegre; There are already 155 dead, 94 missing in RS and more than 617 thousand people are away from home. Anac releases commercial flights at Canoas Air Base; Seven army trucks transport Sabesp pumps to drain water in RS;

May 19: Punishment of extortion
For criminal exploitation, 65 establishments are fined by the Public Ministry in RS; After the Air Force commander retreated the day before and said he would respond to the request, a plane with donations from Portugal arrived in RS

May 20: Waters recede, trash appears
Bad smell, rubble, garbage and mud fill the streets and professionals resume cleaning in Porto Alegre with the gradual decline of the Guaíba River and the arrival of pumps expanding drainage in the capital of RS; Dam breaks and another city, Capela Santa, is invaded by water in RS

May 21: The drama of the poor
Poorer regions were hit hardest by floods in Porto Alegre and the region; There are already 2.3 million people affected and 161 dead, 85 missing, 465 municipalities affected and 581 thousand homeless in the state. The broadcaster RDC TV is forced to close its doors and fire all employees;

May 22: Other areas of RS on red alert
Heavy rain leaves the southern region of RS on alert for the risk of new floods; Pelotas has hailstorms and 500 hotels are closed; The level of Lagoa dos Patos is 2.48 meters in the city. RS is a red alert signal; 94% of RS municipalities were affected by floods

May 23: The UN buildable houses
Population in shelters in RS would form a city like Venâncio Aires, one of the hardest hit by floods. UN sends buildable houses used by refugees in Brazil to RS. More flooding, with new rains in RS and people despair; After 3 weeks, shopping mall in Porto Alegre reopens and closes again due to flooding

May 24: Repeat of rains
After rain, Guaíba again exceeds 4 meters; city ​​hall tries to contain the noise with sandbags and the population is experiencing a day of uncertainty: “I haven’t even finished and I already have to clean everything again”, says resident; Canoas and Porto Alegre are experiencing chaos; Storms and floods cause 163 deaths in RS

May 25: Leptospira Threat
RS has 800 suspected cases of leptospirosis after floods, 54 confirmed cases and 4 deaths; Three train stations were completely lost in Porto Alegre after flooding

May 26: A year of work to recover
Death toll reaches 166; Inmet’s climate forecast for June says that rainfall is expected to be below average in RS, a state that has been hit by heavy rainfall since the end of April. Three civil defense employees are arrested accused of embezzling donations that would go to RS; MP identifies deviations in donations in 3rd city in RS. In RS, 200 thousand cars were a total loss. Insurance companies estimate R$ 1.6 billion in compensation for properties, cars, etc.

May 27: Canoas Air Base
Danger alert for rain and extratropical cyclone issued by Inmet; The RS government announced that the Bugres Barragem Salto Hydroelectric Plant, located in São Francisco de Paula, in Serra Gaúcha, is at risk of rupture due to intense rains. Canoas air base begins operating as an airport

May 28: Lowest level of the month of Guaíba
The level of Lake Guaíba reached 3.72 meters today, marking the lowest level this month. In the last 24 hours, the lake has recorded a drop of 20 centimeters. In contrast to the record level on the 6th of this month, when the markings at Cais Mauá reached 5.33 meters.

May 29: After 1 month, finally, good news
The Metsul agency confirms that in the next few days the rains should finally stop and even the cold, which arrived with intensity in these days, could be preceded by milder days. To the point that Gramado, in Serra Gaúcha, wants to return to being one of the most sought after tourist destinations in Brazil.

4. CONCLUSION

The following days will be extremely important in determining the level of damage and the future of residents. According to specialist Francisco de Assis, meteorologist at Inmet, “At this moment, we may see the water recede. It could be good for recovery work”, he says. Ecologist Mercedes Bustamante, professor at the University of Brasília, explains that Rio Grande do Sul has always been the meeting point of tropical systems and polar systems, which creates a pattern that includes periods of intense rain and others of drought. “This is a region where we are going to experience much more extremes, according to climate models”, said the expert. “The UN Secretary General always says something important: climate change is an amplifier of crises. Everything that could already happen will become more drastic”, he adds


Escrito por: Walter Ferreira dos Santos, professor de inglês e português para estrangeiros, Rio de Janeiro. 

Para contato: WhatsApp: (021) 96576-6581; E-mail: walterfsantos2008@gmai.com.

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Inscreva-se na nossa newsletter

Inscreva-se para receber mais conteúdos como este que acabou de ver. 

Usamos a Brevo como nossa plataforma de marketing. Ao clicar abaixo para enviar este formulário, você reconhece que as informações fornecidas por você serão transferidas para a Brevo para processamento, de acordo com o termos de uso deles
WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn