Pride Month: Por que o mês do orgulho é comemorado em Junho?

Um fato interessante sobre o Pride Month no Brasil

Nos anos 60, a relação entre pessoas do mesmo sexo era considerada crime em todos os Estados Unidos – exceto no estado de Illinois, que descriminalizou a homossexualidade em 1962 -, então era comum que diversos bares e estabelecimentos não autorizasse a entrada de pessoas da comunidade LGBTQIA+ por receio de multas e condenações.

Porém, em Greenwich Village, em Nova Iorque, havia um famoso bar frequentado pela comunidade, chamado Stonewall Inn, que recebia, em sua maioria, jovens de periferia, sem-teto (muitos que deixaram a família por conta de preconceito) e drag queens. Durante um tempo, por conta do envolvimento dos donos com a máfia e o pagamento de propina, os policiais faziam vista grossa para o local, mas o bar não possuía várias regulamentações, como saída de emergência e licença para a venda de bebida alcóolica.

Depois de várias batidas seguidas, em 28 de junho de 1969 a perseguição chegou ao ápice. Uma força policial invadiu o bar com alegações de venda ilegal de bebidas, prendeu funcionários, agrediu frequentadores e deteve todas as pessoas que não estavam usando ao menos três peças de roupas consideradas “apropriadas” ao seu gênero, seguindo a lei.

Fartos da violência, discriminação, opressão e perseguição, o movimento começou ali. Aqueles que não haviam sido presos começaram a jogar moedas nos policiais, que evoluíram para pedras e garrafas, fazendo com que os “homens da lei” tivessem que se abrigar dentro do bar. Um incêndio no bar começou após um pedaço de jornal com fogo ser arremessado na direção dos policiais, que, além de precisarem utilizar uma mangueira de água para conter as chamas, também atentaram contra a multidão com jatos de água – porém sem sucesso. O último dos nove policiais envolvidos só conseguiu deixar o local pela manhã, mas era só o início da Revolta de Stonewall.

Durante os próximos seis dias, a comunidade queer foi às ruas, de mãos dadas, protestando pelos direitos que lhes faltavam, gritando pela descriminalização de sua orientação sexual, mas levando a paz como argumento: sem agressão, sem machucar ninguém; eram beijos, poses e gritos pedindo por respeito.

O início do Pride Month

O início da luta pelos direitos LGBTQIA+ nos Estados Unidos levou à organização da primeira marcha em resposta ao ocorrido em Stonewall, e a data escolhida foi 28 de junho de 1970, no aniversário de um ano do acontecimento histórico que mudou o mundo todo. De início, a palavra escolhida para representar o movimento foi “poder”, mas após debates sobre o quanto os membros da comunidade se sentiam orgulhosos de quem eram, o slogan da primeira marcha se tornou “orgulho”, e que continua até os dias atuais.

Em 2015, o Stonewall Inn se tornou um monumento histórico da cidade de Nova Iorque, e no ano seguinte o então presidente Barack Obama decretou o bar como o primeiro monumento nacional dos direitos da comunidade LGBTQIA+.

Apesar de, em diversos países, ser legalizado o casamento civil entre pessoas do mesmo gênero, a luta ainda é árdua e contínua, pois ainda há outros países em que a homossexualidade é considerada crime com pena de morte. O movimento é imprescindível não só para lembrar do tanto que a comunidade queer já sofreu e o quanto tiveram que lutar por direitos básicos como seres humanos, mas também para alcançar aqueles que ainda sofrem com a repressão e descriminação. A marcha é necessária para representar o orgulho de serem quem são, e da busca pela igualdade de direitos que merecem como parte da sociedade.

Um fato interessante sobre o Pride Month no Brasil

Aqui no Brasil houve um acontecimento parecido com o do bar em Nova Iorque, mas uns anos depois, em 19 de agosto de 1983. No dia anterior, o dono do Ferros’s Bar, que era referência para a comunidade lésbica no centro de São Paulo, chamou a polícia para impedir algumas mulheres de vender no local uma publicação independente que levava o nome “ChanacomChana”, alegando que esta “atentava contra os bons costumes”. Então no dia seguinte, dia 19, várias frequentadoras e ativistas invadiram o bar que viria a ser conhecido como “O pequeno Stonewall Inn” brasileiro para ler o manifesto em defesa dos direitos das lésbicas. Vinte anos depois, em 2003, o dia 19 de agosto se tornou o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil.


Escrito por: Gabriella Barrocal, professora da Idioma Independente em Londrina-PR

Para contato: gabriellabarrocal.ii@gmail.com

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