Severance/Ruptura ou como você queira chamar essa loucura!

Severance/Ruptura

Lá no fundo, quem nunca quis separar completamente a vida profissional da pessoal? É justamente essa ideia que Severance, a aclamada série da Apple TV+, leva ao extremo. Criada por Dan Erickson e dirigida por Ben Stiller e Aoife McArdle, a produção conquistou público e crítica ao abordar temas profundos e inquietantes com uma estética perturbadoramente minimalista.

A trama gira em torno de Mark Scout (Adam Scott), um funcionário da misteriosa empresa Lumon Industries que se submeteu ao “procedimento Severance”. Esse processo separa completamente as memórias do trabalho das memórias da vida pessoal, criando duas identidades distintas: o “innie” (versão que existe apenas dentro da empresa) e o “outie” (versão que vive fora do expediente). Mas até que ponto essa divisão é realmente uma liberdade ou uma prisão?

 

Índice

  1. Vida pessoal/profissional?
  2. Críticas ao corporativismo e ao controle social
  3. Segunda temporada e teorias populares
  4. Conclusão

 

1. Vida pessoal/profissional?

Severance questiona um dos grandes dilemas modernos: a invasão do trabalho em nossas vidas pessoais. A ideia de “work-life balance” (equilíbrio entre vida e trabalho) é empurrada ao extremo quando os “innies” da Lumon percebem que são basicamente prisioneiros, existindo apenas para trabalhar, sem lembranças ou autonomia fora daquele ambiente. Enquanto isso, os “outies” vivem suas vidas normalmente, ignorando o sofrimento que podem estar causando a suas outras metades.

Esse conceito se torna ainda mais inquietante quando percebemos que muitos de nós já vivemos uma versão diluída disso. Quem nunca sentiu que se tornava uma pessoa diferente no trabalho, engolindo emoções e obedecendo regras que não fazem sentido fora dali? A série nos faz questionar até que ponto as empresas já não controlam nossa identidade e tempo de forma abusiva.

 

2. Críticas ao corporativismo e ao controle social 

Lumon Industries é praticamente um culto. A empresa possui rituais bizarros, slogans motivacionais sinistros e uma cultura de submissão absoluta. Não é difícil enxergar nessa distopia uma crítica ao corporativismo exacerbado e ao modo como algumas empresas tratam seus funcionários como peças descartáveis.

Outro ponto interessante é o modo como a Lumon manipula a percepção dos “innies”, oferecendo pequenas recompensas, como festas com wafflles ou danças “motivacionais”, para mantê-los produtivos. Isso reflete a prática real de empresas que criam um ambiente de trabalho artificialmente “divertido” para mascarar condições exploratórias.

Se isso de alguma forma soou como alguma empresa que tenha ouvido falar sobre ou até o que tenha vivenciado em uma é porque esta é a intenção direta da série, algo que pode-se ver refletido mesmo nos clássicos vídeos da internet brasileira citando chefes abusivos ou colegas “sem noção” no ambiente de trabalho, um caso clássico de “ameeinda”.

Outros temas abordados são os questionamentos existenciais profundos: somos definidos por nossas memórias? Se uma parte de nós vive completamente isolada da outra, ainda somos a mesma pessoa?

Personagens como Helly (Britt Lower) evidenciam esse dilema. Seu “innie” luta para escapar da Lumon a qualquer custo, enquanto seu “outie” é uma defensora da empresa. Isso levanta um questionamento filosófico: até que ponto podemos considerar os “innies” como indivíduos de verdade, se eles nunca tomaram decisões sobre própria existência?

Outro ponto importante é a relação de Mark com sua dor. Seu “outie” escolheu o procedimento para escapar do luto pela morte da esposa, mas é justamente seu “innie” quem começa a questionar a verdade por trás de tudo. Isso nos leva à grande revelação do final da temporada…

 

3. Segunda temporada e teorias populares

A primeira temporada termina com uma reviravolta chocante: os “innies” conseguem assumir o controle temporário de seus corpos fora da Lumon, descobrindo verdades perturbadoras. Mark descobre que sua esposa, que ele acreditava estar morta, está viva e faz parte dos experimentos da empresa. Helly descobre que sua “outie” é filha de uma das grandes líderes da corporação e que sua permanência ali é proposital.

A segunda temporada provavelmente expandirá os mistérios da Lumon, explorando quem realmente controla a empresa e quais são seus verdadeiros objetivos. Além disso, poderemos ver as consequências do “despertar” dos “innies” e como isso afetará tanto suas vidas externas quanto a dinâmica dentro da organização.

E com tantos mistérios a internet está explodindo com teorias sobre Severance. Aqui estão algumas das mais comentadas:

  1. Lumon está manipulando toda a cidade: Muitos fãs acreditam que a influência da Lumon vai além da empresa, podendo afetar toda a cidade onde os personagens vivem. Pequenos detalhes sugerem que a corporação pode estar testando a “separação” em escala maior do que imaginamos.
  2. Os “innies” podem existir fora do trabalho: Uma teoria intrigante sugere que a Lumon pode ter uma forma de “extrair” a consciência dos “innies” e implantá-la em novos corpos, tornando-os entidades completamente separadas dos “outies”.
  3. A Lumon está ligada a experimentos de controle da mente: Algumas pistas indicam que a tecnologia Severance pode ter sido criada para fins mais sombrios do que apenas separar vida profissional e pessoal, podendo estar conectada a experimentos militares ou governamentais.

 

4. Conclusão

Severance uma daquelas séries raras que conseguem misturar mistério, filosofia e crítica social de forma brilhante. Com um enredo instigante, visuais impactantes e performances memoráveis, a produção se consolidou como um dos grandes sucessos da Apple TV+.

Aguardamos ansiosos pela segunda temporada para descobrir mais sobre os segredos da Lumon e as verdadeiras implicações do procedimento Severance. Até lá, seguimos teorizando e tentando responder à pergunta: separar vida e trabalho seria um sonho ou um pesadelo?


Now in English

Severance/Ruptura, or whatever you want to call this madness!

Deep down, who hasn’t wished to completely separate their professional and personal lives? That’s precisely the idea that Severance, the acclaimed Apple TV+ series, takes to the extreme. Created by Dan Erickson and directed by Ben Stiller and Aoife McArdle, the show has captivated audiences and critics alike by tackling deep, unsettling themes with a disturbingly minimalist aesthetic.

The story follows Mark Scout (Adam Scott), an employee at the mysterious Lumon Industries who has undergone the “Severance procedure.” This process completely separates work memories from personal memories, creating two distinct identities: the “innie” (the version that exists only within the company) and the “outie” (the version that lives outside of work). But to what extent is this division truly a form of freedom—or is it a prison?

Index

  1. Personal/Professional Life?
  2. Criticism of Corporatism and Social Control
  3. The Danish Influence on Gastronomy
  4. The Most Exotic Foods in Greenland
  5. Conclusion

 

1. Personal/Professional Life?

everance questions one of modern society’s biggest dilemmas: the invasion of work into our personal lives. The concept of “work-life balance” is pushed to the extreme when Lumon’s “innies” realize they are essentially prisoners, existing only to work, with no memories or autonomy outside of that environment. Meanwhile, their “outies” live their lives normally, unaware of the suffering they may be inflicting on their other halves.

This idea becomes even more unsettling when we recognize that many of us already experience a diluted version of this. Who hasn’t felt like a different person at work, suppressing emotions and following rules that make no sense outside of the office? The show forces us to question whether corporations already control our identities and time in an abusive manner.

 

2. Criticism of Corporatism and Social Control

Lumon Industries is practically a cult. The company enforces bizarre rituals, eerie motivational slogans, and a culture of absolute submission. It’s easy to see this dystopia as a critique of extreme corporatism and the way some companies treat employees as disposable.

Another intriguing aspect is how Lumon manipulates the perception of its “innies,” offering small rewards—like waffle parties or “motivational” dances—to keep them productive. This reflects real-world corporate tactics, where artificially “fun” work environments mask exploitative conditions.

If this reminds you of a company you’ve heard about—or even experienced firsthand—that’s precisely the show’s intent. It’s a concept we often see reflected in viral internet videos about abusive bosses or “clueless” coworkers, a classic case of ameeinda (a Brazilian internet “personality” created by an influencer mocking ridiculous workplace situations).

Other themes explored in the series include deep existential questions: Are we defined by our memories? If one part of us lives entirely isolated from the other, are we still the same person?

Characters like Helly (Britt Lower) highlight this dilemma. Her “innie” desperately tries to escape Lumon, while her “outie” is a strong supporter of the company. This raises a philosophical question: Can we truly consider “innies” as real individuals if they never made the choice to exist?

Another crucial point is Mark’s relationship with his grief. His “outie” chose the procedure to escape the pain of losing his wife, but it is his “innie” who starts questioning the truth behind everything. This leads us to the shocking revelation at the end of the season…

 

3. Season 2 and Popular Theories

The first season ends with a jaw-dropping twist: the “innies” temporarily gain control of their bodies outside Lumon, uncovering disturbing truths. Mark discovers that his wife, whom he believed to be dead, is alive and part of the company’s experiments. Helly learns that her “outie” is the daughter of one of Lumon’s top executives and that her presence there is intentional.

Season 2 will likely expand on Lumon’s mysteries, exploring who truly controls the company and its ultimate goals. Additionally, we may see the consequences of the “innies” waking up and how this will impact both their external lives and internal dynamics.

With so many mysteries, the internet is buzzing with Severance theories. Here are some of the most discussed ones:

  1. Lumon is manipulating the entire town – Many fans believe Lumon’s influence extends beyond the company and may affect the entire town where the characters live. Small details suggest the corporation could be testing the Severance process on a larger scale than we realize.
  2. “Innies” might exist outside of work – An intriguing theory suggests that Lumon could have a way to “extract” the consciousness of the “innies” and implant them into new bodies, making them entirely separate entities from their “outies.”
  3. Lumon is linked to mind-control experiments – Some clues indicate that the Severance technology may have been developed for more sinister purposes than simply separating work and personal life—potentially being connected to military or governmental experiments.

 

4. Conclusion

Severance is one of those rare series that masterfully blends mystery, philosophy, and social critique. With an engaging plot, striking visuals, and memorable performances, the show has solidified itself as one of Apple TV+’s greatest successes.

We eagerly await Season 2 to uncover more of Lumon’s secrets and the true implications of the Severance procedure. Until then, we continue theorizing and asking ourselves: separating work and personal life—would it be a dream or a nightmare?


Escrito por: Matheus B. Azevedo, professor de Inglês na Idioma Independente, Curitibano de natureza e Sociólogo de coração.

Para contato: matheusbazevedo.ii@gmail.com

Instagram: @academiquo_ajuda

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