Edgar Allan Poe: Pioneiro da Ficção Policial e Mestre do Macabro

Edgar Allan Poe

Quando pensamos sobre ficção policial, nossas mentes instantaneamente conjuram as imagens de Sherlock Holmes e Hercule Poirot, certo? No entanto, as origens deste gênero literário se encontram nos Estados Unidos do século XIX, nas mãos do escritor de terror e mistério Edgar Allan Poe. Hoje iremos aprender mais sobre essa intrigante figura literária e sua influência no universo da ficção policial!

Retrato de Allan Poe
Retrato de Edgar Allan Poe Escritor

 

Índice

  1. Quem foi Edgar Allan Poe?
  2. Estilo literário e temas 
  3. A ficção policial de Poe
  4. Estabelecendo o gênero
  5. Conclusão

 

1. Quem foi Edgar Allan Poe?

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, Massachusetts, EUA, em 19 de janeiro de 1809. A vida de Poe foi marcada por mortes e perdas, eventos que acredita-se terem moldado seu estilo de escrita. Quando Poe ainda era bebê, seu pai abandonou a família e, aos dois anos de idade, ele perdeu a mãe para a tuberculose.

O pequeno Edgar foi então adotado por uma nova família, John e Frances Allan, um evento que lhe permitiu crescer em um ambiente de classe média. Poe frequentou as melhores escolas disponíveis na cidade de Richmond e foi admitido na Universidade da Virgínia em Charlottesville em 1825. No entanto, o escritor teve que interromper seus estudos devido a dívidas e à falta de apoio financeiro de seu pai adotivo.

Poe foi um dos primeiros americanos a conseguir viver exclusivamente de sua escrita, publicando poemas e prosa, e escrevendo para diversos jornais e revistas literárias. Em 1836, Poe casou-se com sua amada Virginia Clemm, que morreu de tuberculose em 1847. Dois anos depois, em 3 de outubro de 1849, Poe foi encontrado semiconsciente em Baltimore e levado para o hospital, onde morreu em 7 de outubro. A causa de sua morte permanece desconhecida.

 

2. Estilo literário e temas

Poe é considerado uma das principais figuras do Romantismo e da literatura gótica nos Estados Unidos. O autor é também tido como inventor da ficção policial, e um grande contribuidor para o gênero de ficção científica. Ele faz parte do cânone literário americano graças às suas histórias ficcionais engenhosas, profundas e influentes, bem como às suas teorias e críticas literárias.

O autor começou sua carreira literária publicando poemas, mas logo voltou sua atenção para a prosa e passou a escrever contos. Curiosamente, Poe é considerado não apenas o pai da ficção policial, mas também o criador do conto moderno.

Os contos de Poe exploram uma variedade de temas relacionados à psique humana, frequentemente focando nos aspectos mais sombrios da existência. Entre os temas recorrentes em suas histórias estão a morte, a loucura e insanidade, o sobrenatural, a dualidade da natureza humana, sentimentos de isolamento e alienação, a dicotomia entre beleza e decadência, entre outros.

 

3. A ficção policial de Poe

Poe criou um novo gênero literário quando escreveu seu famoso conto policial “Os Assassinatos da Rua Morgue” (1841). Neste conto, os leitores conhecem C. Auguste Dupin, um detetive que tenta resolver o brutal assassinato de duas mulheres em Paris. A história é contada por um narrador anônimo que acompanha Dupin que, utilizando sua excepcional capacidade de percepção e estraordinágia inteligência, junta pistas e ajuda a polícia a resolver este misterioso assassinato.

Dupin aparece em outros dois contos de Poe. “O Mistério de Marie Rogêt” (1842) é considerado uma sequência de “Os Assassinatos da Rua Morgue”. Nesta história, o leitor acompanha novamente o detetive C. Auguste Dupin enquanto ele tenta resolver o assassinato de Marie Rogêt. Dupin rejeita a teoria mais aceita sobre o assassinato e considera os fatos conhecidos do caso para determinar seus pontos principais. Sua capacidade de raciocínio e análise eventualmente levam a polícia ao assassino, resolvendo assim o mistério. Mais uma vez, a história é contada por um narrador anônimo e próximo a Dupin. O conto foi o primeiro mistério de assassinato baseado nos detalhes de um crime da vida real.

Em “A Carta Roubada” (1844), a polícia parisiense pede que o detetive C. Auguste Dupin recupere uma carta roubada que contém informações comprometedoras sobre um indivíduo poderoso. Dupin, usando de sua precisa compreensão da natureza humana e de seu raciocínio lógico, deduz que a carta está escondida à vista de todos. Superando a astúcia do ladrão, o detetive recupera a carta através de uma artimanha perspicaz. O mesmo amigo anônimo de Dupin narra os eventos que se desdobram.

 

4. Estabelecendo o gênero

C. Auguste Dupin possui muitas características que se tornaram convenções literárias na ficção policial, incluindo aquelas encontradas nos famosos detetives Sherlock Holmes e Hercule Poirot. Alguns dos aspectos comuns de detetives da literatura estabelecidos por Poe foram o detetive excêntrico, mas brilhante, com habilidades analíticas excepcionais, observação aguçada e exímio raciocínio lógico. A presença de um detetive recorrente em diferentes histórias, característica marcante da ficção policial, também foi estabelecida por Poe com a aparição de Dupin em três de seus contos.

Além disso, a narração em primeira pessoa feita por uma pessoa próxima do detetive e o artifício literário de contar histórias onde o detetive anuncia sua solução e depois explica como chegou a essa conclusão também foram características que apareceram pela primeira vez nas histórias de Poe. Como o autor de Sherlock Holmes, Conan Doyle, reconhece, “cada [uma das histórias de detetive de Poe] é uma raiz da qual toda uma literatura se desenvolveu… Onde estava a história de detetive até que Poe soprou o sopro da vida nela?”.

 

5. Conclusão

Edgar Allan Poe é uma leitura obrigatória para qualquer fã de ficção policial e de crime, bem como para aqueles que apreciam contos góticos e de horror. As contribuições do autor para o gênero da ficção policial são incomparáveis, estabelecendo as bases para inúmeras histórias de detetive que se seguiram. As técnicas narrativas inovadoras de Poe e seus profundos insights psicológicos continuam a influenciar a ficção moderna de crime e horror, inspirando muitos escritores ao longo dos séculos. Como pioneiro do gênero da ficção policial, o legado de Poe perdura, lembrando-nos do apelo atemporal de um mistério bem elaborado e da eterna busca pela verdade e justiça.


Versão em inglês

Edgar Allan Poe: Pioneer of Detective Fiction and Master of the Macabre

 

When we think about detective fiction, our minds instantly conjure the images of Sherlock Holmes or  Hercule Poirot, right? However, the origins of this literary genre dates back to the nineteenth century United States, in the hands of horror and mystery writer Edgar Allan Poe. Today we’ll learn more about this intriguing literary figure and its influence in the world of detective literature!

 

Index

  1. Who was Edgar Allan Poe? 
  2. Literary style and themes 
  3. Poe’s detective fiction
  4. Establishing the genre
  5. Conclusion

 

1. Who was Edgar Allan Poe? 

Edgar Allan Poe was born in Boston, Massachusetts, U.S. on January 19, 1809. Poe’s life was marked by death and loss, aspects which are believed to have shaped his writing style. When Poe was still a baby, his father abandoned his family and at the age of two, he lost his mother to tuberculosis. 

Baby Edgar was taken by a new family, John and Frances Allan, an event that allowed him to grow up in a middle-class environment. Poe attended the best schools available in the city of Richmond and was eventually admitted to the University of Virginia at Charlottesville in 1825. However, the writer had to stop his studies because of debts and lack of financial support from his foster father. 

Poe was one of the first Americans to live by writing alone, publishing poems and prose, as well as writing for many literary journals and periodicals. By 1836, Poe had married his beloved Virginia Clemm, who died of tuberculosis in 1847. Two years after that, on October 3, 1849, Poe was found semiconscious in Baltimore and was then taken to the hospital, where he died on October 7. The cause of his death remains unknown. 

 

2. Literary style and themes

Poe is regarded as a central figure of Romanticism and Gothic fiction in the United States. The author is also considered the inventor of detective fiction and a great contributor to the genre of science fiction. He is part of the American literary canon thanks to his ingenious, profound and influential fictional stories and literary theories. 

The author started his literary career publishing poems, but soon moved his attention to prose and started writing short-stories as well. Curiously enough, Poe is considered not only the father of detective fiction, but also the architect of the modern short story. 

Poe’s short stories explore a variety of themes concerning the human psyche, often focusing on the darker aspects of existence. Among the recurrent themes present in his writings are death, the descent into madness and insanity, the supernatural, the duality of human nature, feelings of isolation and alienation, the dichotomy of beauty and decay, and others. 

 

3. Poe’s detective fiction

Poe created a new literary genre when he wrote his famous detective short story “The Murders in the Rue Morgue” (1841). In this short story, the readers meet C. Auguste Dupin, a detective who tries to solve the brutal murder of two women in Paris. The story is told by an unnamed narrator who accompanies Dupin who, by making use of exceptional analytical skills and acute intelligence, pieces together clues and helps the police to solve the seemingly unsolvable and mysterious murder. 

Dupin appears in two other short stories by Poe. “The Mystery of Marie Rogêt” (1842) is considered a sequel to “The Murders in the Rue Morgue”. In this tale, the reader follows detective C. Auguste Dupin as he tries to solve the murder of Marie Rogêt. Dupin rejects the popular theory for her murder and considers the known facts of the case to determine key aspects which would eventually lead the police to the murderer, thus solving the mystery. Once again the story is told by an unnamed narrator close to Dupin. The short story was the first murder mystery based on the details of a real life crime. 

In “The Purloined Letter” (1844), detective C. Auguste Dupin is asked by the parisian police to retrieve a stolen letter that holds compromising information about a powerful individual. Dupin, using his keen understanding of human nature and strategic thinking, deduces that the letter is hidden in plain sight. By outsmarting the cunning thief, the detective successfully recovers the letter through a clever ruse. The same unnamed friend of Dupin narrates the events that unfold. 

 

4. Establishing the genre

C. Auguste Dupin has many traits which became literary conventions in detective fiction, including those found in the famous detectives Sherlock Holmes and Hercule Poirot. Some of the common detective tropes established by Poe were the eccentric but brilliant detective with exceptional analytical skills, keen observation, and logical reasoning.The feature of a recurring detective present in different tales was also established by Poe with Dupin’s appearance in three of his short stories. 

In addition, the first-person narration by the detective’s close personal friend and the storytelling device where the detective announces his solution and then explains how he got to that conclusion were also features that first appeared in Poe’s stories. As author of Sherlock Holmes Conan Doyle acknowledges, “each [of Poe’s detective stories] is a root from which a whole literature has developed… Where was the detective story until Poe breathed the breath of life into it?”.

 

5. Conclusion

Edgar Allan Poe is a must read for any detective and crime fiction fan, as well as for those who enjoy horror and gothic tales. The author’s contributions to the detective fiction genre are unparalleled, laying the groundwork for countless detective stories that followed. Poe’s innovative narrative techniques and deep psychological insights continue to influence modern crime and horror fiction, inspiring many writers throughout the centuries. As the father of the detective fiction genre, Poe’s legacy endures, reminding us of the timeless appeal of a well-crafted mystery and the enduring quest for truth and justice.


Escrito por: Marina Sanches, professora na Idioma Independente, de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Para contato: marinasanches24.ii@gmail.com

Instagram: @taka_ksc

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